domingo, 2 de dezembro de 2012

Artigo de opinião


Portugal, País de fraca cultura desportiva, onde desporto é pouco mais do que futebol.
Hm... Pois, mas enganem-se todos aqueles que pensam que no futebol tudo está bem. A verdade é que o futebol português tem vindo a ter resultados extremamente positivos. Mais equipas presentes nas principais competições europeias, bons resultados daquela que é a nossa bandeira (seleção nacional de Futebol).

Mas não se avizinham bons ventos, pelo menos enquanto não se introduzirem novos pensamentos, novas ideologias.
E no capítulo da formação, posso dizer-vos que ainda está tudo por fazer!

São muito poucos os clubes e instituições que olham, pensam a formação como projeto a médio e longo prazo. Quem monta um clube, quer resultados para ontem, quando na realidade, os resultados ditam pouco mais do que, números, altamente manipulados que não traduzem, na maior parte das vezes, a real competência das crianças/jovens praticantes.
Todavia e infelizmente, ganhar é demasiado importante mesmo no escalões mais baixos...

Sim, estou a ser irónico...
A verdade é que não me lembro se o Figo, Rui Costa, Cristiano Ronaldo, Nani, Ricardo Quaresma, Simão, Bruno Alves, João Moutinho e tantos outros, foram alguma vez campeões no escalão de Benjamins, Infantis e Iniciados. Alguém se recorda?
Mas infelizmente, ganhar é demasiado importante mesmo nos escalões mais baixos...
Lembro-me de uma tal Associação Desportiva e Cultural da Adémia vencer alguns campeonatos distritais de Juvenis e Juniores (AFC) há 10 anos atrás. Mas alguém se recorda? Talvez os diretores dessa mesma instituição, mas o comum dos adeptos, apenas sabe que nessa Associação foi formado um dos atuais avançados do Sporting Clube de Braga e da seleção nacional. Estou a falar de Éder.

Hoje vive-se o futebol de formação da mesma forma como se vive o futebol-espetáculo-negócio-rendimento dos séniores.
Devemos tratar as crianças como mini-adultos?
Devemos colocar nas crianças essa pressão?
Devemos obrigar a criança a jogar nas mesmas formas jogadas dos adultos (11x11)?

Qual é a lógica?
Nós na escola primária aprendemos a tabuada, não aprendemos a Física e as Análises Matemáticas de alguns cursos do Ensino Superior. A criança-jogador não está preparada para um desafio tão ambicioso. Desta forma precisa de estímulos mais adequados, para que possa desenvolver a sua inteligência, para melhorar a sua perceção e compreensão do jogo.

 Os alunos desde tenra idade devem portanto ser estimulados a pensar e a terem as suas próprias iniciativas sem medo de errarem. Os formadores e treinadores devem criar as condições ótimas para que a criança-jogador possa desenvolver todas as suas potencialidades e tomar as suas decisões sem que estas sejam punidas caso delas não resulte a melhor solução.
Os alunos devem jogar num ambiente ótimo de aprendizagem, onde a liberdade e a descoberta guiada devem estar sempre presentes. Só assim o treinador promove o desenvolvimento da criatividade, autonomia e iniciativa.

Por isso, é importante que a criança possa jogar num ambiente sem treinador, sem árbitro, um pouco à imagem do futebol de rua de outrora, onde a criança descobria o jogo e aprendia a ser criativo.

A relação treinador-aluno não deve ser igual à relação médico-paciente. O médico prescreve. O treinador deve orientar, mas não deve nunca impor seja o que for.
Muitos campos de futebol são dominados por instrutores, o que leva a um reduzido desenvolvimento da criatividade/inovação dos seus atletas. Estes treinadores, com "resultadofobia" impõem o seu manual de soluções aos seus alunos, entregando-lhes os "quê's" e os "comos".
Estimulámos a criança-jogador a pensar?
Apresento-lhe a seguinte analogia:

Imaginem que o vosso filho está a fazer uma prova de Português, Matemática, Inglês ou outra disciplina qualquer. Este momento servirá para apurar as aprendizagens do vosso filho a uma determinada temática.
Se o aluno for autónomo, ele
irá errar e iremos apurar o seu verdadeiro conhecimento. (É evidente que pode haver outras variáveis: concentração, ansiedade, etc).
Então mas o que acontecerá se este aluno tiver a ajuda do professor? O que acontecerá se o professor lhe comunicar algumas/todas as respostas, ele irá estar muito mais próximo da perfeição no momento, mas certamente que chegaremos à conclusão de que as aprendizagens por ele realizadas, nunca vão ser as mesmas...
O treinador deve portanto dar liberdade a todos alunos para que possam descobrir as melhores decisões para cada contexto e situação. 

Mas como é possível explicar tal conceito a um País sem cultura desportiva, que não consegue dissociar entre uma criança e um adulto? 
Como é possível tudo isto se para o comum do espetador a postura observadora e de análise do técnico/treinador/formador é interpretada como falta de motivação ou incompetência.


Ora, o problema é cultural e popular...
Mas do popular também bebemos o seguinte provérbio:
"não dês o peixe, dá antes uma cana e ensina-lhe a pescar!"


 
Extinto este incêndio da falta de liberdade e da falta de iniciativa, penso que estarão reunidas as condições para tentarmos perceber a relação direta entre desenvolvimento da técnica e desenvolvimento da inteligência.
O Futebol atual é um jogo dotado de enorme imprevisibilidade, um ritmo acelerado que requer dos jogadores um empenho permanente para tomarem decisões. São exigências elevadas que obrigam os jogadores a observarem, processarem e avaliarem as situações, e ao mesmo tempo elegerem a melhor solução para surpreender o adversário tanto técnica, quanto taticamente. 
Para a concretização da ação é exigida uma elevada capacidade de leitura de situações e tomada de decisão instantânea, mais, é necessário que da leitura da situação seja "escrita" a solução. Por isso, quanto mais recursos motores específicos o jogador possui ou desenvolve, maior é a probabilidade de obtenção de sucesso na ação de "escrever" a solução. 
A técnica é portanto um fator decisivo que permite aos melhores executantes desempenhos superiores em situações de jogo. Os jogadores com repertório mais amplo têm uma maior variabilidade técnica e poderão alcançar no futuro níveis excelentes de rendimento desportivo.
Ainda assim, neste capítulo é importante destacar que o ensino não se pode transformar em uma aprendizagem mecânica de gestos técnicos, restringindo-se às componentes biomecânicas da execução, mas, sobretudo, à escolha e ajuste do gesto à situação que se apresenta, uma vez que o contexto será relevante para o aprendizado.
O que se pretende a partir dessa ideia é que a aprendizagem das habilidades técnicas seja parte integrante de contextos com tomada de decisão, onde o que importa está contido na situação de jogo. Só assim os praticantes serão capazes de resolver os problemas que o contexto específico lhes coloca.

O que devemos melhorar e como devemos fazê-lo?

Especificidade!


Fases do ensino do jogo

"O jogo de futebol é uma realidade complexa porque o jogador tem que, a um tempo, relacionar-se com a bola e referenciar a sua situação no terreno de jogo, a posição dos colegas, dos adversários e das balizas. Devido a esta complexidade, impõe-se que o seu ensino seja gradual: do conhecido para o desconhecido, do fácil para o difícil, do menos para o mais complexo. Até chegar aos problemas do jogo formal, há que resolver um conjunto de situações passíveis de hierarquização, em função da estrutura dos elementos de jogo: jogador, bola, balizas, colegas e adversários.

Somos portanto apologistas dum ensino do Futebol referenciado a fases evolutivas, ou etapas, que permitam integrar tarefas e objetivos de complexidade crescente. Todavia, a necessidade de dividir o ensino em fases não deve conduzir à divisão do jogo em elementos (passe, condução de bola, remate, etc.), mas antes à sua estruturação em unidades funcionais.

Fase 1: construção da relação com a bola
Fase 2: consciencialização dos alvos (balizas)
Fase 3: construção da noção de oposição
Fase 4: construção da noção de cooperação

Construção das situações de ensino e treino

Deverá ser solicitada e estimulada a adaptabilidade em situações simultaneamente ajustadas ao nível de desenvolvimento do praticante e às exigências do jogo.
É aconselhável que se recorra a um conjunto de variáveis, cuja utilização permite induzir transformações na configuração dos exercícios, bem como nos comportamentos e atitudes dos jogadores. Algumas dessas variáveis podem ser: bolas (com diferentes tamanhos), balizas (com diferentes dimensões), espaço de jogo (adequado às caraterísticas dos praticantes), número de jogadores (formas jogadas adaptadas), regras, outras... "
Garganta, J. (2002) - Universidade do Porto, Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física
 



Direto e objetivo!

O real problema da formação desportiva
"Os problemas nesse processo surgem quando o treino e a participação competitiva de crianças e jovens tendem a reproduzir e a adaptar os conhecimentos e as formas de organização do desporto de alto rendimento, quando a valorização e o reconhecimento social dos mais jovens se preceituam através dos resultados competitivos e quando a vitória nas competições continua a ser o objetivo principal para muitos treinadores, dirigentes e pais. 
Nesses casos há uma reversão lógica da formação, porque a procura do rendimento imediato impõe estratégias de treino que produzem resultados em curto prazo, comprometem os resultados futuros e frustram expetativas de crianças e jovens."
By Costa, I., Greco, P., Garganta, J., Costa, V., Mesquita, I. (2010) , Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Enhancing coach-parent relationships in youth sports; Increasing harmony and minimizing hassle

Smoll, F.L.; Cumming, S.P. and Smith, R.E. - University of Washington, Seattle, USA - International Journal of Sports Science & Coaching, volume 6, Number 1, 2011

"Research has shown that parents not only influence children's socialization into sport, but they have a profound impact on the psychological consequences that accrue.
(...)
The coach-parent-athlete triad has been referred to as the "athletic triangle". The members of thos social system interact with one another in complex ways, and the nature of those interactions can have significant consequences for the psychological development of the child. Indeed, coaches are in a position to channel parents genuine concerns and good intentions in a way that heightens the value of athletes sport experiences. Furtherm parents can influence the quality of the dyadic coach-athlete relationship, as defined by feelings of closeness, commitment, and complementarity.

The purpose of this article is to assist coaches in working effectively with parents, thereby increasing the harmony and minimizing of
i) the difference between youth and professional models of sport,
ii) the goals of youth sports, including a healthy philosophy of winning,
iii) parental responsabilities and challenges,
iv) how to achieve effective two-way communication with parents,
v) how to organize and conduct sport meetings with parents.

i) Development vs Professional Models of Sport

Youth sports provide an educational medium for the development of desirable physical and psychosocial characteristics.
In contrast, professional sports are an explicitly commercial enterprise. Their goals, simply stated, are to entertain and, ultimately, to make money. Financial sucess is of primary importance and depends heavily on a product orientation, namely, winning. Is this wrong? Certainly not! Professional sports are part of the entertainment industry, and as such, they are enormously valued on a worldwise basis.
What, then, is the problem? Most of the negative consequences of youth sports occur when adults erroneously impose a professional model on what should be a recreational and educational experience for youngsters - the so called "profesionalization" of youth sports. When excessive emphasis is placed on winning, it is easy to lose sight of the needs and interests of the young athlete.

ii) Objetives of youth sports

Participation in youth sports can yield many benefits. Some of them are physical, such as acquiring sport skills and increasing health and fitness. Others are psychological, such as developing leadership skills, self-discipline, respect for authority, competitiveness, cooperativeness, sportsmanship, and self.confidence. Youth sports are also an important social activity in which children can make new friends and acquaintances and become part of an ever-expanding social network.
Furthermore, the involvement of parents in the athletic enterprise can serve to bring families closer together and strengthen family unity. Finally, of course, youth sports are (or should be) just plain fun!
The basic right of the young athlete to have fun participating should not be neglected. One of the quickest ways to reduce fun is for adults to begin treating children as if they were professional athletes. Coaches and parents alike need to keep in mind that young athletes are not miniature adults. They are children, and they have the right to play as children. Youth sports are first and foremost a play activity, and youngsters deserve to enjoy sports in their own way.
What about winning? The common notion in sports equates sucess with victory. However, with a "winning is everything" philosophy, young athletes may lose opportunities to develop their skills, to enjoy participation, and grow socially and emotionally. Well informed coaches realize that sucess is not equivalent to winning games, and failure is not the same as losing. Rather, the most important kind of sucess comes from striving to win and giving maximum effort. The only thing athletes can control is the amount of effort they give.
An effort-oriented philosophy of winning is one of the core principles underlying the creation of a mastery motivational climate - a learning environment that emphasizes skill development, personal and team sucess, maximum effort, and fun.

What about the objectives that young athletes seek to achieve? A survey of more than 100 000 youth sport participants in the state of Michigan indicated that young athletes participated for the following reasons (listed in the order og their importance):
a) to have fun
b) to improve skills and learn new skills
c) for thrills and excitement
d) to be with friends or make new friends
e) succeed or win

Coaches, parents and sport administrators should be part of a team trying to accomplish common goals. By working together to reduce chances of misunderstanding and problems, the objectives can be attained. In this regard, parents should be encouraged to view their involvement in youth sports as an integral part of their child-rearing responsabilities.

iii) Parents responsabilities and challenges

To begin with, parents must realize that children have a right to choose not to participate.
Children should not be pressured, intimidated, or bribed into playing. Athletes who feel "entrapped" report less enjoyment, lower intrinsic motivation and benefits of being involved in sports, and are more likely to drop out of sports. Parents should counsel their children, giving consideration to the sport selected and the level of competition at which the children want to play. And, of course, parents should respect their children's decisions.
For those children who wish to direct their energies in other ways, the best program may be no program. Many parents become unnecessarily alarmed if their child does not show an interest in sports. They think that a child who would rather do other things must somehow be abnormal. But forcing a child into sports against his or her will can be a big mistake. Sometimes the wisest decision is to encourage the child to move into other activities that may be more suited to his or her interests and abilities, at least until an interest in sports develops.

The reversed-dependency phenomenon
Parents often assume an extremely active role in youth sports, and in some instances, their influence becomes an important source of children's stress.

Coaches may be able to counteract this tendency by explaining the over-identification process to parents. They can tell parents that placing excessive pressure on children can decrease the potential of sports for enjoyment and personal growth. A key to reducing parent-produced stress is to impress on parents that youth sport programs are for young athlets and that children and youth are not adults.

Commitments and Affirmations
The following questions serve as important reminders of the scope of parents responsabilities - questions to which parents must honestly answer "Yes".
- Can parents share their son or daughter?
This requires putting the child in the coach's charge and trusting him or her to guide the sport experience. It involves accepting the coach's authority and the fact that the coach  may gain some of the admiration and affection the childe once directed solely at the parent. This commitment does not mean that parents cannot have input, but the coach is the boss!
- Can parents accept their childs disappointments?
Every child athlete experiences "the thrill of victory and the agony of defeat" as part of the competition process. This may mean not being embarrassed, ashamed, or angry when their son or daughter cries after losing a contest. When an apparent disappointment occurs, parents should be able to help their children learn from the experience.
- Can parents show their child self-control?
Parents should be reminded that they are important role models for their children's behavior. Coaches can hardly be expected to teach sportsmanship and self-control to youngsters whose parents obviously lack these qualities.
- Can parents give their child some time?
Parents need to decide how much time can be devoted to their children's sport activities. Conflicts arise when they are very busy yet are also interested and want to encourage their children.
- Can parents let their child make his or her own decisions?
Coaches should encourage parents to offer suggestions and guidance about sports, but ultimately, within reasonable limits, they should let the child go his or her own way. All parents have ambitions for their child, but they must accept the fact that they cannot dominate their child's life.

Conduct at sport events
As part of their responsabilities, parents should watch their children compete in sports. But their behavior must meet acceptable standards. In addition to acknowledging some obviously inappropriate actions, the following rules for parental behavior (do's and don'ts) have recommended:

1. Do remain in the spectator area during the event
2. Don't interfere with the coach
3. Do express interest, encouragement, and support to young athletes. Communicate repeatedly that giving total effort is all that is expected.
4. Don't shout instructions or criticisms to the children
5. Do lend a hand when a coach or official asks for help.
6. Don't make abusive comments to athlets, parents, officials, or coaches of either team.

iv) Two-way communication

Parents have both the right and the responsability to inquire about all activities that their children are involved in, including sports. For this reason, coaches should be willing to answer questions and remain open to parent's input. If coaches keep the lines of communication open, they will be more likely to have constructive relations with parents.
Fostering two-way communication does not mean that parents are free to be disrespectful toward coaches in word or action. Rather, it is an open invitation for parents to express their genuine concerns with the assurance that they will be heard by the coach.
Coaches should tell parents what times and places are best suited for discussions.

In establishment good relations with parents, coaches should be aware that most parents are really enthusiastic and have a true concern for their children. Sometimes, however, parents simply do not realize the trouble they are causing.

Desinterested parents
The most noticeable characteristic of desinterested parents is their absence from team activities to a degree that is upsetting to their child.
What coaches should do: Coaches should find out why the parents do not participate and contribute, and let them know that their involvement is welcome. Coaches should avoid the mistake of misjudging parents who are actually interested but have good reasons (work, sickness, etc.) for missing activities.

Overcritical parents
Such parents are never quite satisfied with their child's performance. They give the impression that it is more "their" game than it is the athlete's.
What coaches should do: as discussed earlier, some parents unconsciusly relate the sucess or failure of  their child with their own success or failure. They can explain how constant criticism can cause stress and emotional turmoil for their youngster - irritation that actually hinders performance. They can tell the parents why they prefer to use praise and encouragement to motivate and instruct young people, and how parents can do the same.
What coaches can say: "Mr.Jones, I know you're only trying to help Nathan, but when you criticize him, he gets so nervous that he plays worse, and that certainly takes any fun out of it for him." or "Mr.Jones, I've found that Nathan responds much better to encouragement and praise than he does to criticism. If you were to encourage your son instead of criticizing him so much, sports would be a lot more enjoyable for both of you."

Parents who scream from behind the bench
They frequently rant and rave and virtually drown out everyone else speaking in the area, including the coach. Everyone is the target for their verbal abuse - team members, opponents, coaches, officials.
What coaches should do. During a break in the contest (half time, between periods), coaches can calmly, tactfully, and privately point out to the person that such yelling is a poor example for the young athlets. Coaches can ask other people to help out by working with this person during games. Also, coaches can give the disruptive parent a job that will help the team (scouting opponents, keeping stats, looking agter equipment, etc.).
What coaches can say: "I know it's easy to get excited, but these kids are out here to have a good time. Try not to take the game so seriously, okay?" or "Listen, why don't we get together after the game and you can give me some of your ideas on coaching. I'd rather have them afterward because during the game, they're very confusing."

Sideline coaches
Parents who assume the role of sideline coaches are often found learning over the bench making suggestions to athletes. They may contradict the coach's instructions and disrupt the team.
What coaches should do: Again, coaches should not confront such a parent right away.
Coaches should advise their athletes that during practices and games they are coach and they want the athletes full attention. Listening to instructions from others may become confusing.
What coaches can say: "Ms. Slavin, I appreciate your concern and enthusiasm for the team. But when you are coaching Isla from the sidelines, it becomes confusing and distracting to her. I know you've got some good ideas, and i want to hear them. But please, after the game."

Overprotective parents
Most often, over-protective parents are mothers of the athletes. Such parents are characterized by their worried looks and comments whenever their son or daughter is playing. Overprotective parents frequently threaten to remove their child because of the dangers involved in the sport.
What coaches should do: Coaches must try to eliminate the fear of injury by reassuring the parent that the event is fairly safe. They can explain the rules and equipment that protect the athlete.
What coaches can say: "Ms.  Smith, we try to make the game as safe as possible for the athletes. You've got to remember that i wouldn't be coaching kids if i didn't care about them or if i thought the sport was dangerous for them." ir "Ms. Smith, I care about each one of these kids, and i would never let any of them do anything that i thought would endanger them."

v) The Coach-Parent meeting

However, successful coaches are aware of the importance of securing the aid and support of well-informed parents. Rather than facing the task of dealing with problem parents, a pre-season meeting is the key to reducing the chance of unpleasant experiences. In other words, having a coach-parent meeting is well worth the additional time and effort.

Purpose of the meeting
The objectives of a coach-parent meeting are to:
a) improve parents understanding of youth sports,
b) gain their cooperation and support

Planning and preparation
Coaches who have held meetings with parents indicate that it is not an overtaxing experience, and the benefits make the meeting a good investment.
However, the importance of being well prepared and organized cannot be overemphasized.

Content and conduct of the meeting
The coach can do this by:
a) encouraging parents to ask questions
b) directing questions to them from time to time
Also, in creating an open atmosphere for exchange, it is very important to show respect for the parents. They should feel that they are a contributing part of the meeting, rather thar a mere audience.

Opening: Let them know that their interest and concern are appreciated. The coach can point out that they are taking an important step toward assuring a quality sport experience for their children. Next, the coach establishes credibility by giving pertinent background information.
 The coaches tells parents about his or her experience in the sport, experience as a coach, and special training that he or she has had. Finally, the coach points out the purposes of the meeting and tells prents how he or she will provide information about fundamentals of the sport.
 To gain respect, coaches must show confidence in leading the session.

Objectives of Youth Sports: A discussion of the objectives of childrens's athletics, including a mastery-oriented philosophy of winning, should follow the opening remarks. The coach should focus on those goals and values that are a major part of his or her coaching. As pointed out earlier, if coaches and parents work together to reduce misunderstandings, the objectives can be achieved.

Details of the Sport Program: Presenting details about the operation of the sport program is another valuable part of the session. In so doing, consideration should be given to the following:
a) equipment needed and where it can be purchased,
b) sites and schedules for practices and contests,
c) lenght of practices and contests,
d) team travel plans,
e) major team rules and guidelines,
f) special rule modifications to be used at this level of competition,
g) medical examinations,
h) insurance,
i) fund-raising projects
j) communication system for cancellations and so on,
k) midseason and postseason events.

Coaching Roles and Relationships: Parents will benefit from knowing about the coach's leadership style. The coach should encourage parents to reinforce this approach in interactions with their children.

Parents Responsabilities and Challenges: Informing parents about the responsabilities the coach expects them to fulfill is the most important part of the meeting.
The coach should discuss the following topics:
1) Dangers of the reversed-dependency phenomenon
2) Parent commitments and affirmations
3) Rules of conduct at sports events

Coach Parent relations: Should let the parents know what times and places are best suited for discussions

The parents will appreciate the honesty!

And, finally, at the end of the meeting, the coach should thank the parents again for attending.
The coach.parent meeting is a vitally important tool for developing parent involvement and support. A successful meeting will help solidify the athletic triangle (the coach-parent-athlete triad) and lead to positive youth sport experiences.






quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Competências no ensino e treino de jovens futebolistas

Garganta, J. (2002) - Universidade do Porto, Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física

"O praticante deve saber o que fazer, para poder resolver o problema subsequente, o como fazer, seleccionando e utilizando a resposta motora mais adequada. Isto exige que os praticantes possuam uma adequada capacidade de decisão, que decorre duma ajustada leitura do jogo, para poderem materializar a ação através de recursos motores específicos, genericamente designados por técnica.

As técnicas constituem ações motoras especializadas que permitem resolver as tarefas do jogo. (Garganta, 1997)

Tem-se verificado uma obsessão pelos aspetos do ensino/aprendizagem centrados na técnica individual (Bonnet, 1983), partindo-se do princípio que a soma de todos os desempenhos individuais provoca um apuro qualitativo da equipa e também que o gesto técnico aprendido duma forma analítica possibilita uma aplicação eficaz nas situações de jogo.
Os processos de ensino e treino têm constituído em fazer adquirir aos praticantes sucessões de gestos técnicos, empregando-se muito tempo no ensino da técnica e muito pouco ou nenhum no ensino do jogo propriamente dito (Gréhaigne & Guillon, 1992).

Bunker & Thorpe (1982) constataram que quando a técnica é abordada através de situações que ocorrem à margem dos requisitos táticos, ela adquire um transfer diminuto para o jogo.

A verdadeira dimensão da técnica repousa na sua utilidade para servir a inteligência e a capacidade de decisão tática dos jogadores e das equipas. Um bom executante é, antes de mais, aquele que é capaz de seleccionar as técnicas mais adequadas para responder às sucessivas configurações do jogo. Por isso, o ensino e o treino da técnica no Futebol, não devem restringir-se aos aspetos biomecânicos, mas atender sobretudo às imposições da sua adaptação inteligente às situações de jogo. Nesta perspetiva, é mais importante saber gerir regras de funcionamento, ou princípios de ação, do que utilizar técnicas estereotipadas ou esquemas táticos rígidos e pré-determinados (Garganta, 2001).


Importa que os praticantes assimilem um conjunto de princípios que vão do modo como cada um se relaciona com o objeto do jogo (bola), até à forma de comunicar com os colegas e contra-comunicar com os adversários, passando pela noção de ocupação racional do espaço de jogo (Garganta & Pinto, 1994)

O desenvolvimento da capacidade para jogar implica um desenvolvimento de "saberes", saber o que fazer (conhecimento declarativo) e saber executar (conhecimento processual).

Atualmente, os especialistas defendem a utilização de uma pedagogia de situações-problema, a qual representa um prolongamento lógico dos modelos de ação motora inspirados nas ciências cognitivas e nos modelos sistémicos. Assim, pode dizer-se que se assiste a uma transição dos modelos analíticos para modelos sistémicos.

Referências fundamentais para o ensino do Futebol

Condicionantes Estruturais e Funcionais
Dimensão do terreno de jogo e número de jogadores
Quanto maior o espaço de jogo, mais elevada terá de ser a capacidade para o cobrir mental e fisicamente.
O desenvolvimento da progressiva extensão do campo perceptivo (da visão centrada na bola...à visão centrada no jogo) é um dos aspetos mais importantes a que se deve atender na formação, na medida em que o jogo de Futebol reclama uma atitude tática permanente.
Esta é uma das muitas razões pelas quais se torna aconselhável que, nas fases iniciais quando o praticante tem dificuldade em controlar a bola, o jogo seja aprendido num espaço mais reduzido e com um menor número de jogadores (7 ou 5, p.ex). Neste contexto teoricamente menos complexo, o principiante tem mais e melhor acesso à progressiva compreensão das linhas e força do jogo e bem assim a um melhor entendimento e cumprimento dos princípios e regras de gestão do jogo
Duração do jogo
Séniores: O tempo de jogo estabelecido para uma partida de Futebol de onze são 90 minutos. O tempo de jogo efetivo são apenas 50 minutos. Durante este tempo, cada equipa poderá estar na posse de bola, em média, 25 minutos e cada jogador entre 30 segundos (defesas centrais) e um máximo de 3 minutos (para os condutores de jogo). Durante todo o restante tempo os jogadores seleccionam informações, analisam-nas e tomam decisões (Bauer & Umberle, 1988; Gréhaigne, 1992)
Controlo da bola
A aprendizagem do jogo de Futebol implica a construção da maestria da relação com a bola, em função das exigências táticas do jogo.
É importante que quando um jogador erra, o treinador consiga identificar se o erro ficou a dever-se a uma deficiente leitura da situação (mecanismo perceptivo e de decisão mental), ou se deriva da sua ineficiência técnica ou física para responder a tal situação.
Frequência da concretização
A relação entre as ações de ataque e êxitos quantificáveis é apenas de 50 para 1.
Estas constatações não devem conduzir a uma diminuição da importância atribuída à finalização no ensino/treino do Futebol. Bem pelo contrário, dever-se-á propiciar a criação de um grande e variado número de ocasiões de finalização, quando não o praticante perde de vista o objetivo central do jogo (o golo) e centra a sua atuação ao nível do jogo de transição, provocando um desequilíbrio entre o jogo indireto e o jogo direto.
Colocação dos alvos
Terreno de jogo
Para além das marcações regulamentares, assinaladas no terreno de jogo, existem outras referências importantes para que os jogadores nas diferentes fases (ataque e defesa), respondam aos imperativos do jogo, respeitando os princípios ofensivos e defensivos.
Estas zonas ou áreas, não assinaladas fisicamente no terreno, podem ser perspetivadas:
a) longitudinalmente, ou à largura do terreno de jogo, sendo normalmente designadas por corredores (1 corredor central, situado no eixo da baliza atacada - baliza defendida; 2 corredores periféricos ou laterais, contíguos ao corredor central, um do lado esquerdo outro do lado direito);
b) transversalmente, ou ao comprimento do terreno de jogo, sendo habitualmente designadas por setores (defensivo, médio e ofensivo).

Princípios de jogo
Os princípios de jogo constituem um conjunto de normas que orientam o jogador na procura de soluções mais eficazes, nas diferentes situações de jogo, pelo que são também referenciais muito importantes para o ensino e treino do futebol.
Na fase de ataque, quando a equipa tem a posse da bola e procura criar situações de finalização e marcar golo; e a fase de defesa, quando a equipa não tem a posse da bola e tenta impedir a criação de situações de finalização e a marcação do golo, procurando apoderar-se dela.

O êxito do ataque e da defesa exige uma coordenação precisa das ações dos jogadores, segundo princípios gerais e princípios específicos

Condicionantes pedagógicas

As estratégias mais adequadas para ensinar o jogo passam por interessar o praticante, recorrendo a formas jogadas motivantes, implicando-o em situações problema que contenham os ingredientes fundamentais do jogo, isto é, presença de bola, oposição, cooperação, escolha e finalização. De acordo com este entendimento, não são de adotar situações que preconizem a exercitação descontextualizada e analítica dos gestos técnicos (passe, remate, drible, etc.), dado que a execução assim realizada assume caraterísticas diferentes daquela que ocorre no contexto aleatório do jogo. O jogo é uma unidade e, como tal, o domínio das diferentes técnicas (passe, condução, remate, etc.), revelado pelos praticantes, embora se constitua como um instrumento sem o qual é muito difícil jogar e impossível jogar bem, não permite necessariamente o acesso ao bom jogo.
Para que o bom jogo possa acontecer com uma dinâmica que favoreça a evolução do indivíduo que joga, deve propôr-se ao praticante um jogo relativamente acessível, isto é, com regras simples, com menos jogadores e num espaço mais pequeno, de modo a permitir: a perceção das linhas de força do jogo (bola, terreno, adversários, colegas), muitos e diversificados contactos com a bola, a continuidade das ações e várias possibilidades de concretização.

Fases do ensino do jogo

O jogo de futebol é uma realidade complexa porque o jogador tem que, a um tempo, relacionar-se com a bola e referenciar a sua situação no terreno de jogo, a posição dos colegas, dos adversários e das balizas. Devido a esta complexidade, impõe-se que o seu ensino seja gradual: do conhecido para o desconhecido, do fácil para o difícil, do menos para o mais complexo. Até chegar aos problemas do jogo formal, há que resolver um conjunto de situações passíveis de hierarquização, em função da estrutura dos elementos de jogo: jogador, bola, balizas, colegas e adversários.

Somos portanto apologistas dum ensino do Futebol referenciado a fases evolutivas, ou etapas, que permitam integrar tarefas e objetivos de complexidade crescente. Todavia, a necessidade de dividir o ensino em fases não deve conduzir à divisão do jogo em elementos (passe, condução de bola, remate, etc.), mas antes à sua estruturação em unidades funcionais.

Fase 1: construção da relação com a bola
Fase 2: consciencialização dos alvos (balizas)
Fase 3: construção da noção de oposição
Fase 4: construção da noção de cooperação


Construção das situações de ensino e treino

Deverá ser solicitada e estimulada a adaptabilidade em situações simultaneamente ajustadas ao nível de desenvolvimento do praticante e às exigências do jogo.
É aconselhável que se recorra a um conjunto de variáveis, cuja utilização permite induzir transformações na configuração dos exercícios, bem como nos comportamentos e atitudes dos jogadores. Algumas dessas variáveis podem ser: bolas (com diferentes tamanhos), balizas (com diferentes dimensões), espaço de jogo (adequado às caraterísticas dos praticantes), número de jogadores (formas jogadas adaptadas), regras, outras...


Resumindo:
1. o ensino do Futebol é o ensino do jogo!;
2. deve cultivar-se no praticante de Futebol uma atitide tática permanente;
3. o desenvolvimento da capacidade de controlo da bola exige a criação de condições de exercitação que passam pela necessidade do praticante efetuar contactos frequentes e diversificados com a bola;
4. Se o número de jogadores a referenciar num jogo for elevado e se a isso adicionarmos um terreno de jogo com grandes dimensões, a perceção das linhas de força do jogo torna-se mais complexa, dificultando o acesso a níveis de jogo superiores;
5. No caso dos principiantes, se as situações de ensino e treino do Futebol não propiciarem a criação de várias ocasiões de finalização, o jogador perde de vista o objetivo central do jogo (o golo) e fixa a sua atuação quase exlusivamente ao nível do jogo de transição, o que conduz a um uso e abuso do jogo indireto em detrimento do jogo direto.
6. A situação 3x3 revela-se como a estrutura mínima que garante a essência do jogo, na medida em que reúne o portador da bola e dois recebedores potenciais, permitindo passar duma escolha binária a uma escolha múltipla, preservando assim a noção importante de jogo sem bola. Do ponto de vista defensivo, reúne um defensor direto ao portador da bola (1º def.) para realizar a contenção e dois defensores (2º e 3º) relativamente mais afastados do portador da bola, para concretizarem eventuais coberturas, dobras e compensações, respeitando os restantes princípios defensivos: cobertura, equilíbrio e concentração.
7. As posições por nós sustentadas conduzem à ideia de que, no ensino do Futebol, deve propôr-se ao principiante um jogo acessível, isto é, com regras ajustadas, com número de jogadores e espaço adequados, de modo a permitir a continuidade das ações, o domínio percetivo do espaço, uma frequente participação dos jogadores e variadas possibilidades de finalização."



quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Inteligência e conhecimento específico em jovens futebolistas de diferentes níveis competitivos

Costa, J.C.; Garganta, J.; Fonseca, A.; Botelho, M. - Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física - Universidade do Porto

Este estudo visa avaliar e comparar a inteligência geral e o conhecimento específico do jogo em jovens praticantes de Futebol segundo o nível competitivo.
Será que os jogadores que possuem maior inteligência geral evidenciarão um maior nível de conhecimento específico da sua modalidade? E relativamente à performance desportiva, poderá um melhor conhecimento do jogo contribuir, de alguma forma, para um nível de rendimento superior?

"Os jogos desportivos coletivos (JDC) caraterizam-se pela aciclicidade técnica, solicitações morfológico-funcionais diversas e intensa atividade psíquica, num contexto permanentemente variável, de cooperação-oposição, com uma importância capital dos aspetos estratégico-táticos, onde a tomada de decisão precede a execução.
Os inúmeros problemas surgidos no jogo obrigam o jogador a decidir e selecionar qual a solução mais consentânea com a situação, obedecendo aos princípios gerais do jogo através do conhecimento que possui do jogo. Os jogadores têm que saber o que fazer, para depois selecionar como fazer, utilizando a ação motora mais adequada ao problema. Assim, sem conhecer a essência do jogo e dos seus princípios táticos, não se pode aproveitar na plenitude os recursos técnicos.

Assim, o sucesso nos jogos táticos depende largamente do nível de desenvolvimento das faculdades percetivas e intelectuais dos atletas, especialmente em associação com outros fatores que determinam a performance.

Segundo Rink, French & Tjeerdsma e Garganta, no jogador experiente nos jogos desportivos, constata-se que a nível cognitivo ele possui:
1. conhecimento declarativo e processual mais organizado  e estruturado
2. processo de captação de informação mais eficiente
3. processo decisional mais rápido e preciso
4. mais rápido e preciso reconhecimento dos padrões de jogo (sinais pertinentes)
5. superior conhecimento tático
6. uma maior capacidade de antecipação dos eventos do jogo e das respostas do oponente
7. superior conhecimento das probabilidades situacionais (evolução do jogo).

Ao nível da execução motora evidenciam:
1. elevada taxa de sucesso na execução das técnicas durante o jogo
2. maior consistência e adaptabilidade nos padrões de movimento
3. movimentos automatizados, executados com superior exonomia de esforço
4. superior capacidade de deteção de erros e de correção de execução

Para Konzag, os desportistas com um elevado nível de desempenho em situação de jogo, possuem processos cognitivos de alto nível, nos quais a receção e elaboração das informações são mais rápidas e mais precisas.


Para a performance desportiva são destacados pela literatura dois tipos de conhecimento: o conhecimento declarativo e o conhecimento processual. Estes dois tipos de conhecimento diferenciam-se, sendo o "conhecer que" ou o conhecimento declarativo e o "conhecer como" ou conhecimento processual.
Segundo Thomas, French & Humphriest, o conhecimento declarativo pode ser definido como o conhecimento do regulamento da modalidade, aspetos das posições dos jogadores, estratégias básicas de defesa e ataque, enquanto o processual se refere às ações no decorrer do jogo.
Por outro lado, o conhecimento processual constitui a realização dum comportamento que dificilmente explicamos.

Alves e Araújo acrescentam que quanto mais complexas as decisões, mais os expertos se distinguem dos iniciados.
Segundo eles, a qualidade de decisão do atleta depende ainda do seu conhecimento declarativo e conhecimento processual específicos, das suas capacidades cognitivas e da competência da sua utilização.

Segundo Chi & Glaser, o conhecimento específico de uma determinada área tem importância decisiva na solução efetiva dos problemas que essa área de atividade apresenta, razão pela qual alguns estudos recentes têm incidido nas interações entre inteligência e conhecimento.

Neste estudo em particular, foram escolhidos dois grupos de praticantes, ambos sub-16 e sub-17. Um dos grupos (22 elementos) compete num nível competitivo superior, no Campeonato Nacional de Juniores B e treinam 6 horas semanais. O outro grupo (22 elementos) compete num nível competitivo inferior, no Campeonato Distrital da AFPorto e treinam 4,5 horas semanais. Ambas as equipas são da mesma área geográfica.

Para os testes de inteligência geral observou-se que o grupo que compete a nível inferior obteve melhores resultados. Mas nos testes de conhecimento específico foi o grupo que compete a nível superior que obteve melhores resultados.

Quanto a saber se os jogadores mais inteligentes noutras áreas do conhecimento também o são no desporto, a resposta encontrada aponta para que tal não se verifique

Conforme sustentam Williams & Davids, o conhecimento específico pode ser mais um requisito do que uma aquisição prática através da exercitação. Em estudo com futebolistas experientes, concluíram que o conhecimento declarativo é um pressuposto importante dos jogadores de elite e não resultado de elevada experiência, ou exposição ao contexto desportivo. Segundo Greco, o nível de conhecimento tático superior apresentado pelos atletas de clube pode justificar-se pelas exigências competitivas, bem como pela importância da componente tática do treino.
De acordo com Williams & Davids, o maior nível de conhecimento dos jogadores mais experientes deve-se também à prática desportiva e não apenas à instrução. Em suma, também defendem que os atletas mais experientes possuem um conhecimento específico da modalidade mais amplo, permitido-lhes identificar e valorizar determinadas situações e/ou soluções.

Brito & Maçãs, compararam alunos de nível competitivo (federados) com alunos do desporto escolar e chegaram à conclusão que os jogadores federados possuíam um conhecimento declarativo (o que fazer) superior, reforçando a tese de que os atletas de melhor nível possuem um conhecimento mais elevado do que os seus colegas de nível inferior.


Conclusões:

1. Os jogadores do mesmo nível competitivo diferem entre eles, em relação à inteligência geral e conhecimento específico do jogo;
2. Os jogadores de nível competitivo inferior prevalecem sobre os de nível competitivo superior na velocidade percetiva e atencional, fator geral de inteligência, capacidade de concentração e exatidão;
3. os jogadores com maior experiência e nível competitivo mais elevado apresentam um superior conhecimento específico do jogo.


Garganta: "De facto, à luz das exigências do desporto actual, não basta chegar mais longe, nem saltar mais alto, nem ser mais forte, é preciso ser mais rápido, mais veloz. Mais rápido, não apenas a chegar ao local desejado, ou a realizar uma ação mas também a pensar, a encontrar soluções, a perceber o erro, a descodificar os sinais do envolvimento. Em síntese, mais rápido e melhor, a perceber, a pensar e a agir"


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ensino-Aprendizagem e Treino dos Comportamentos tático-técnicos no Futebol

Costa, I., Greco, P., Garganta, J., Costa, V., Mesquita, I. (2010) , Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte

"No âmbito metodológico do treino o Futebol ainda necessita evoluir para promover um jogo ainda mais dinâmico e espetacular. Nesse sentido, a respetiva evolução passa, inevitavelmente, por uma melhoria no processo pedagógico de ensino dos aspetos técnico-táticos do jogo.

O futebol desenvolve-se em um contexto complexo para a tomada de decisão, não apenas por causa da multiplicidade de componentes que se interagem (jogadores, bola, árbitros, dimensões, etc), mas também em razão das suas caraterísticas dinâmicas, da sua natureza cooperativa e de oposição simultâneas, onde as condições e situações de jogo mudam constantemente ao longo do tempo.

O futebol atual exige um ritmo acelerado, que requer dos jogadores um empenho permanente para se tomar decisões(...) São exigências elevadas que obrigam os jogadores a observarem, processarem e avaliarem as situações, e ao mesmo tempo elegerem a melhor solução para surpreender o adversário tanto técnica, quanto taticamente.

Durante uma partida surgem inúmeras situações cuja frequência, ordem cronológica e complexidade não podem ser previstas, exigindo uma elevada capacidade de adaptação e de resposta imediata por parte dos jogadores e das equipas.
(...) Estes comportamentos, além de serem aprendidos, incidentalmente, nos jogos/brincadeiras de rua, também são aprendidos, de forma organizada e eficaz, nos processos de ensino-aprendizagem reflexivos, onde as regras de estruturação do jogo estão relacionadas com a lógica da atividade, nomeadamente com a dimensão da área de jogo, com a repartição dos jogadores no terreno, com a distribuição de papéis e alguns preceitos simples de organização que podem permitir a elaboração de estratégias.

No futebol, os recursos técnicos são imprescindíveis para um ótimo rendimento, dos praticantes. Para a concretização da ação é exigida uma elevada capacidade de leitura de situações e tomada de decisão instantãnea, mais, é necessário que da leitura da situação seja "escrita" a solução. Por isso, quanto mais recursos motores específicos o jogador possui ou desenvolve, mais probabilidade de obter o sucesso no momento de materializar a ação de "escrever" a solução.

A técnica é portanto um fator decisivo que permite aos melhores executantes desempenhos superiores em situações de jogo. Os jogadores com repertório mais amplo têm uma maior variabilidade técnica e poderão alcançar no futuro níveis excelentes de rendimento desportivo. Não obstante é importante destacar que o ensino não se pode transformar em uma aprendizagem mecânica de gestos técnicos, o ensino das diferentes formas da iniciação nas suas bases não se restringe aos componentes biomecânicos da execução, mas, sobretudo, à escolha e ajuste do gesto à situação que se apresenta, uma vez que o contexto será relevante para o aprendizado.
O que se pretende a partir dessa ideia é que a aprendizagem das habilidades técnicas seja parte integrante de contextos com tomada de decisão, onde o que importa está contido na situação de jogo. Somente assim os praticantes serão capazes de resolver os problemas que o contexto específico lhes coloca. Desde os primeiros momentos da aprendizagem, importa que os praticantes assimulem um conjunto de princípios táticos, técnicos, que vão do modo como cada um se relaciona com a bola, até à forma de comunicar com os colegas e "contra-comunicar" com os adversários, passando pela noção de ocupação racional do espaço de jogo.

(...)
Noutras alturas, nas décadas de setenta a metodologia de treino vigente baseava-se em conhecimentos das áreas da Biologia, Fisiologia, Biomecânica, que concedia grau elevado de importância à preparação física e foi tão divulgada que as equipas adotaram essa forma de preparar os atletas.
A forma de jogar sob um prisma essencialmente tático-físico refletiu um decréscimo de desempenho técnico dos jogadores.

Ainda hoje se percebe falta de sincronismo entre a lógica do ensino utilizado hoje com a lógica funcional do jogo e a lógica pedagógica sugerida na lituratura, uma vez que, se constata baixa preocupação com os aspetos relacionados ao contexto do jogo, à tomada de decisão, à aprendizagem dos gestos técnicos de forma situacional, ao desenvolvimento do raciocínio tático e à iniciativa individual."

São portanto necessários métodos de treino que privilegiem a independência em que as situações de ensino e treino confrontem o jogador com o novo, o inesperado estimulando a sua capacidade criativa
Esta tendência vê-se apoiada nas teorias da psicologia cognitiva e nos modelos de execução de Bunker e Thorpe (1983) que propuseram uma nova metodologia denominada "Teaching Games for Understanding" (TGfU). Esta metodologia ganhou mais notoriedade científica em meados da década de 90 com uma proposta que suporta o ensino dos jogos desportivos coletivos em função da sua compreensão e conceção, ou seja, o ensino constituído por jogos táticos de complexidade adaptada ao nível qualitativo dos alunos/jogadores, para que dessa forma eles possam assimilar e aprender o jogo de uma forma dinâmica. Isto é feito através de jogos adaptados em função das regras, do espaço, da bola, das balizas e do número de jogadores, de forma a criar um ambiente propício à melhoria da compreensão do jogo, da aquisição de conhecimentos específicos e das habilidades técnicas requisitadas. (Costa, 2001; Oliveira, 2004)

"Ao abordar o ensino e aprendizagem para crianças e jovens alguns pesquisadores advertem sobre as diferenças que existem entre eles e os adultos em todos aspetos que permeiam o desenvolvimento desportivo. Greco, P. e Benda (1998) e Cardoso (2007), salientam que as crianças e os jovens não devem ser tratados como um adulto em miniatura durante o processo de ensino e aprendizagem. O desporto para crianças não deve basear-se em meras adaptações práticas, princípios e cargas realizadas pelos adultos, mas sim, deve ser organizado em função dos praticantes, tratando os objetivos, os conteúdos, os métodos, o desenvolvimento e os níveis de dificuldade de acordo com as idades e os níveis de maturação hormonal.

Os problemas nesse processo surgem quando o treino e a participação competitiva de crianças e jovens tendem a reproduzir e a adaptar os conhecimentos e as formas de organização do desporto de alto rendimento, quando a valorização e o reconhecimento social dos mais jovens se preceituam através dos resultados competitivos e quando a vitória nas competições continua a ser o objetivo principal para muitos treinadores, dirigentes e pais. 
Nesses casos há uma reversão lógica da formação, porque a procura do rendimento imediato impõe estratégias de treino que produzem resultados em curto prazo, comprometem os resultados futuros e frustram expetativas de crianças e jovens.

De acordo com Damásio e Serpa (2000) a preparação desportiva de crianças e jovens, desajustada às caraterísticas do processo de crescimento e maturação, tem sido apontada como uma razão determinante para maior abandono e menor adesão de praticantes entre os 14 e os 18 anos nos desportos.
Por esse motivo, é importante que as crianças e os jovens que se encontram em fase de crescimento marcada por numerosas alterações no desenvolvimento físico, psíquico e social, obtenham durante a sua formação desportiva o máximo de experiências motoras que lhes garantam um repertório motor rico, um bom desenvolvimento das suas capacidades físicas e psicossociais para que possam no futuro, caso queiram, ter êxito no desporto de rendimento (Ferreira, 2000; Marques; Oliveira; Prista, 2000; Barbanti, 2005).

Para que isto seja assegurado, parecem pertinentes três elementos estruturais do processo de ensino e aprendizagem descritos por Hahn (1988):
1. especificidade de acordo com cada etapa de formação
2. desenvolvimento de conteúdos nas aulas ou treinos de acordo com os processos volitivos e de maturação
3. periodização do processo de ensino e aprendizagem orientados muito mais pelas necessidades específicas dos atletas jovens e muito menos pelos modelos de periodização do universo da teoria do treino.

A aplicação destes três elementos permite a revalorização do sentido pedagógico da formação desportiva, do qual as crianças e os jovens beneficiarão de um processo educativo mais adequado, onde os treinos/aulas serão desenvolvidos de acordo com o seu histórico social e a sua maturidade biológica, uma vez que, cada criança ou jovem possui a sua própria maturação com diferenças sexuais e intra e interindividuais.

Outro ponto importante do processo de ensino e aprendizagem é a forma didático-metodológica de se conceber o aprendizado das habilidades inerentes ao desporto, nesse caso o Futebol. Sobre esse assunto, Garganta (1995) propõe uma abordagem dividida em três formas: 1) centrada nas técnicas, 2) centrada no jogo formal e 3) centrada nos jogos condicionados.
A forma centrada nas técnicas desmonta o jogo em habilidades técnicas que são ensinadas analiticamente, hierarquicamente e descontextualizadas, relativamente ao jogo; promove um jogo pouco evoluído, em que os jogadores apresentam déficits de conhecimentos específicos e, consequentemente, de compreensão do jogo.
A forma centrada no jogo formal utiliza o jogo como aspeto central do processo de ensino. O jogo não é desmontado nem técnica nem taticamente. A abordagem é feita de uma forma global em que a tática surge como resposta aos problemas que o jogo levanta e a técnica surge como concretização dessas respostas. Apesar desta metodologia de ensino do jogo promover o desenvolvimento das capacidades e conhecimentos específicos dos jogadores ela não é satisfatória, uma vez que não consegue proporcionar uma densidade de comportamentos desejados, tanto técnicos como táticos, que possibilitem maximizar o desenvolvimento das capacidades e dos conhecimentos específicos individuais, setoriais e inter-setoriais, grupais e coletivos dos jogadores e da equipa.
A forma centrada nos jogos condicinados carateriza-se pela decomposição do jogo em unidades funcionais, que propiciam o aprendizado e a vivência das mesmas interações presentes nos jogos oficiais entre as dimensões tática, técnica, psicológica e fisiológica, porém em escalas inferiores de complexidade. A partir disto, o ensino é concebido através da apresentação e interação dessas unidades funcionais, onde o jogo apresenta problemas que são direcionados através de situações criadas que proporcionam comportamentos desejados através da intenção e compreensão do jogo promovida pelo professor/treinador. Esta abordagem metodológica evidencia o desenvolvimento das capacidades, dos conhecimentos específicos dos jogadores, do jogo contextualizado e direcionado para os comportamentos desejados.
Musch e Mertens (1991) e Graça (2006) preconizam que esta forma de ensino preserva a autenticidade e a autonomia dos praticantes, respeitando o jogo formal, no qual as estruturas específicas de cada modalidade são mantidas, como: a finalização, a criação de oportunidades para o drible, o passe, os lançamentos nas ações ofensivas, etc.

Greco, P.(1998), além de citar o método analítico, também faz menção a cinco outros métodos: Global, de confrontação, parcial, "conceito recreativo do jogo desportivo" e o situacional.
Faço referência ao método global em que o ensino é desenvolvido a partir da "série de jogos" acessíveis às faixas etárias e às capacidades técnicas dos alunos no qual se busca contemplar " a ideia central do jogo" ou as suas estruturas. Faço também referência ao método situacional em que o ensino é preconizado através de situações isoladas dos jogos com números reduzidos de praticantes (1x0, 1x1, 2x1, etc.), nos quais há inserção de elementos desportivos (técnicos, táticos, psicológicos e físicos) e de situações típicas do desporto propiciará o aprendizado e a vivência do mesmo.  Encaro portanto este método situacional como um importante recurso."

Finalizando e partilhando a ideia escrita pelos autores, é dever do professor criar as condições favoráveis para o estabelecimento do vínculo duradouro entre o praticante e o desporto. Ao mesmo tempo, deve haver a preocupação de que as aulas sejam experiências motivadoras e interessantes, gerando prazer a todos os alunos. Por isso, durante as aulas/treinos deve dar-se oportunidade para brincar, jogar e desfrutar os momentos de prática.




 


domingo, 18 de novembro de 2012

How to develop more creative players - Wein, H. (2007)


How to develop more creative players by Wein, Horst (2007) - Soccer Journal Novembro-Dezembro 2007
Docente y colaborador del “Centro de Estudios, Desarrollo e Investigación”
de la Real Federación Espanhola.

"The young players, especially those of 7 to 12 years, should not be pressured by their coach to quickly pass the ball in order to allow a better team play and winning. They frequently should have the opportunity to improvise their play an
d take risks without fearing the possible consequences of having committed a mistake. Unfortunately this no longer exists because winning has become too important, even at the lowest levels! ...

Young players who "treat the ball as their best friend" and often do their own thing frequently are more creative than those who are coach-orientated and accept what the coach demands. To progress in their development of being more and more creative in the soccer game, children should exhibit a certain degree of independence from their coaches.

This is why young players should practice and play as often as possible without the presence of a coach, whose absence allows them to feel more comfortable to explore their innate potential without the fear of criticism when making mistakes

Learning in soccer must be extended, more frequently offering the possibility to think and to learn incidentally and in divergent ways. The coach does not have to impose everything. The coach-player relationship is not a doctor-patient relationship with set prescriptions. 
  
On most soccer fields, the young players are dominated by instructors who allow relatively little freedom of movement and decision-making to the young players, whose opinions are never taken into account. For the coach it is important to always have everything under control. When a player departs from the norm, he/she often is chastised and told to respect the coach's diretions. Often instructions are given to the players about what to do and how to solve the problems or where to position oneself best on the field. If during a competition the coach does not direct the players, many parents may think the coach is not motivated not is qualified for the work.

In soccer training, as well in school, too much instructions from outside does not favor the personal initiative of the players. Many coaches think for their players instead of stimulating them to thing for themselves."



"Instead of giving fishes to the children, students or players, the parents, teachers and soccer coaches should teach them how to fish"

 Recomendo http://www.horstwein.net/